quarta-feira, 18 de março de 2009

LIBERALISMO TOTAL, MAS SEM BEIJAR NA BOCA.

Eu acreditei e professei que a iniciativa privada deveria agir livremente, com pouca ou nenhuma intervenção governamental. A competição livre entre os diversos fornecedores levaria forçosamente não só à queda do preço das mercadorias, mas também a constantes inovações tecnológicas, no afã de baratear o custo de produção e vencer os competidores. Mas, diante da intervenção dos governos, das nações mais ricas do mundo, nos mercados financeiros. Diante da ajuda, em especial da Casa Branca, as instituições bancárias tradicionais como Citi, me vi obrigado a rever alguns de meus conceitos clássicos que orientaram todo o pensamento liberal.

* “O Estado não deve interferir na economia. Ela se ajusta por si só."
Hahahahahahaha. Desculpe, não pude me conter. Onde eu estava com a cabeça?

* “A extensão de seu mercado, portanto, deve ser proporcional as riquezas e à população daquela região, e consequentemente, seu aumento deve ser sempre posterior ao desenvolvimento do País." O jeito mais fácil de esculhambar essa regra é dando crédito imobiliário barato para quem não tema menor condição de assumir um financiamento.

* “Não é da benevolência do açougueiro, do cervejeiro e do padeiro que esperamos o nosso jantar, mas da consideração que ele tem pelos próprios interesses. Apelamos não à humanidade, mas ao amor-próprio, e nunca falamos de nossas necessidades, mas das vantagens que eles podem obter." Não aplique isso em frases publicitárias. Aliás, inverta essa lógica. No mundo da propaganda tudo é feito para VOCÊ, porque VOCÊ merece.

* “Nenhuma sociedade pode florescer e ser feliz enquanto a grande maioria de seus membros for constituída de pobres e miseráveis." A não ser naqueles 90 minutos que o Fenômeno entra em campo e volta a marcar.

* “A riqueza, como diz sr. Hobbes, é o poder. Mas a pessoa que adquire ou herda uma grande fortuna não adquire nem herda necessariamente nenhum poder político, civil ou militar. Sua fortuna pode, talvez, proporciona-lhes os meios de adquirir ambos, mas a mera posse dessa fortuna não os traz necessariamente."
Isso só não se aplica no Maranhão.

* “O sinal mais decisivo da prosperidade de qualquer País é o aumento do número de seus habitantes." Essa tese também não se confirmou. Pelo menos podemos dizer que a Índia é rica em espiritualidade.

* "É o medo de perder seu emprego que restringe suas fraudes e corrige sua negligência." Porém, se você se elegeu para um cargo público, não lhe faltará coragem para fazer porcaria.

* “Um homem enriquece empregando uma multidão de operários e torna-se pobre mantendo uma multidão de serviçais." Salvo, se ele for um industrial chinês.

* “Um mercador é comumente um empreendedor ousado, e o proprietário comum, tímido. Um não teme depositar de uma só vez um grande capital no aperfeiçoamento de sua terra, quando tem uma perspectiva provável de levantar seu valor em relação à despesa. O outro, quando tem algum capital, o que não é sempre o caso, raramente se aventura a empregá-lo desse modo. Se ele chega a progredir, comumente não é com o capital, mas com o que pode economizar de sua renda anual." Continuo acreditando nisso, principalmente quando estou passando pela caixa do supermercado, gastando mais do que deveria.

* “Todo indivíduo está continuamente esforçando-se para achar o emprego mais vantajoso para o capital que possa comandar. É sua própria vantagem, de fato, e não a da sociedade, que ele tem em vista. Mas o estudo de sua própria vantagem, naturalmente, ou melhor, necessariamente, leva-o a preferir aquele emprego que é mais vantajoso para a sociedade." Acrescente-se a isso, a existência do Coelhinho da Páscoa e do Papai Noel.